Nos domínios da ação
Entretanto, na quis fazer sem consentimento, para que tua boa ação não fosse como que forçada, mas espontânea
(Fil 1:14)
Orgulha-se o homem de teres e haveres e costuma declarar, às vezes com excelentes razões, que os ajuntou à custa de esforço enorme… Entretanto, o Senhor é quem lhe emprestou os meios para adquiri-los, esperando que ele os administre sensatamente.
Envaidece-se da cultura intelectual e, freqüentemente, assevera, em algumas circunstâncias com seguras justificativas, que deve os tesouros do pensamento aos sacrifícios que despendeu para estudar… Todavia, o Senhor é quem lhe confiou os valores da inteligência para que ele os abrilhante na construção da felicidade comum a todos.
Ensoberbece-se do poder de que dispõe, afirmando, em determinados casos não sem motivo, que efetuou semelhante aquisição a preço de trabalho e sofrimento… No entanto, é o Senhor quem lhe propiciou os recursos para a conquista da autoridade, na expectativa de que ele a exerça dignamente.
Ufana-se com respeito à saúde que usufrui e proclama, em certas ocasiões com base respeitável que mantém a euforia orgânica a expensas de rigorosa disciplina pessoal… Contudo, o Senhor é quem lhe faculta os elementos essenciais de sustentação do próprio equilíbrio, a fim de que ele empregue o corpo no levantamento do bem geral.
Rejubila-te, pois, com as possibilidades de auxiliar, instruir, determinar e agir, mas, consoante o ensinamento do Apóstolo, não olvides que a bondade do Senhor vige nos alicerces de tudo o que tens e reténs, a fim de que te consagres ao serviço dos semelhantes, na edificação do Mundo Melhor, não como quem assim procede, através de constrangimento, mas de livre vontade.
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Comentário de Haroldo Dutra Dias sobre o capítulo
Sete Minutos com Emmanuel, Carta a Filêmon, capítulo 1, versículo 14, comentário da Revista Reformador de Agosto de 1964, e do Livro Palavras de Vida Eterna, Capítulo 165, intitulado: Nos Domínios da Ação.
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Nessa carta, o Apóstolo dos Gentios endereça um bilhete ao companheiro de ideal, Filêmon, que fora convertido pelo verbo inspirado do próprio Paulo, e era o proprietário do escravo Onésimo.
O convertido de Damasco toca em tema delicado – a fuga e a devolução desse escravo – salientando que Onésimo havia sido inútil, no passado, mas doravante teria muita utilidade ao companheiro, pois se transformara em novo homem, tornando-se um grande auxiliar do Apostolo em Roma. Há um trocadilho evidente com o nome do escravo, já que Onésimo em grego significa “útil”.
O curioso dessa pequena carta-bilhete é que o Apóstolo, preso em Roma, envia um escravo, fugitivo, ao proprietário Filêmon, dos três o único que desfrutava de liberdade plena, pedindo-lhe que recebesse esse homem como a um irmão, não mais como escravo.
Paulo explica, ainda, ao amigo que Onésimo talvez tenha sido retirado dele ,por um curto período de tempo, para que Filêmon recuperasse um irmão, no momento em que perdia um escravo.
Promete pagar a dívida de Onésimo, pedindo que tudo mais seja debitado na conta pessoal dele mesmo – Paulo de Tarso. Afirma também o desejo de ter retido esse homem junto a ele, na prisão em Roma, para que continuasse no trabalho de auxilio às atividades apostólicas, mas preferiu consultar Filêmon, a fim de não haver qualquer espécie de constrangimento, mas caridade genuína e espontânea.
O benfeitor Emmanuel, captando as sutilezas da história, retoma a mesma passagem do episódio 42, e ressalta em seu novo comentário que a totalidade de nosso patrimônio, possibilidades e talentos constitui concessão divina a nosso favor, para nos consagramos ao serviço dos semelhantes – a verdadeira finalidade desse depósito sublime.
Nos adverte, no entanto, que o Criador espera de nós a espontaneidade, a fim de que o nosso serviço seja expressão da vontade livre, e não resultado do constrangimento.
Em suma, o Criador Onipotente doa primeiro, esperando que os seus filhos, beneficiários das bênçãos, sigam-lhe o exemplo de amor, devotando-se ao serviço dos semelhantes.
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Produção: SER
Tecnico de Gravação: Júlio Corradi
Voz: Haroldo Dutra Dias
Música: Esta Canção – João Cabete
Interprete: João Paulo Lanini – Violão
Finalização: Júlio Corradi
Revista: Reformador
Capítulo: 165 – Nos domínios da ação
Versículo: Filêmon 1:14
Texto publicado em Palavras de vida eterna. Ed. Comunhão Espírita Cristã. Cap. 165
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